Conteúdos Programáticos I

Aqui foram colocados todos os conteúdos abordados durante o 1.º semestre.

REPRODUÇÃO HUMANA E MANIPULAÇÃO DA FERTILIDADE

Reprodução

Todos os seres vivos têm um tempo de vida limitado. Apesar deste facto, os seus genes perduram por gerações, graças ao processo reprodutivo. Assim se entende que a reprodução seja uma das principais funções dos seres vivos pois permite que as espécies se perpetuem muito para além da esperança média de cada indivíduo.

Existe uma grande variedade de mecanismos de reprodução, podendo ser agrupados em dois grandes tipos de reprodução:

  • Reprodução assexuada
  • Reprodução sexuada

Na reprodução sexuada, os progenitores produzem células sexuais, os gâmetas, que se unem, originando a primeira célula do novo ser: o ovo ou zigoto. Na reprodução assexuada, não existe união de células sexuais, sendo o novo ser originado a partir de um único progenitor.

O Homem reproduz-se sexuadamente e apresenta ao longo do seu ciclo de vida os fenómenos de gametogénese e de fecundação. A meiose é pré-gamética e o ciclo de vida é característico de um ser diplonte.

Morfologia dos Sistemas Reprodutores 

Os órgãos dos sistemas reprodutores masculino e feminino, pela constituição e funcionamento, asseguram a produção de gâmetas e permitem a ocorrência da fecundação, união de gâmetas, dando origem ao ovo ou zigoto.


Gametogénese e Produção de gâmetas


Uma criança, ao nascer possui já um sistema genital morfologicamente diferenciado, embora só se torne funcional a partir da puberdade. É nesta fase que as gónadas atingem a maturidade, ocorrendo daí a produção de gâmetas.

  • No caso dos sistema reprodutor masculino esta gametogénese tem o nome de espermatogénese e dá-se ao nível dos testículos.
  • No caso do sistema reprodutor feminino esta gametogénese tem o nome de oogénese e dá-se ao nível dos ovários.

Desta forma, a gametogénese é o conjunto de fenómenos que se dá ao nível de células germinativas, levando-se à formação e produção de gâmetas. 


Sistema Reprodutor Masculino

Espermatogénese

Nos testículos, a partir da puberdade e até ao final da vida, produzem-se, por divisões mitóticas, espermatogónias, células diploides da linha germinativa localizadas na proximidade da parede exterior dos tubos seminíferos.

A espermatogénese é um processo contínuo e ocorre nos tubos semíferos de uma forma centrípeta, ou seja, dirigem-se da periferia até ao lúmen destes tubos, estando compreendida entre quatro fases.

  • Fase de multiplicação: As células germinativas que irão dar origem aos espermatozoides, espermatogónias, estão localizados na periferia dos tubos seminíferos. Desde a puberdade, estas células entram em proliferação constante, dividindo-se, por mitoses sucessivas.
  • Fase de crescimento: As espermatogónias aumentam de volume, devido à síntese e acumulação de substâncias de reserva, originando os espermatócitos I (ou espermatócitos de 1º ordem).
  • Fase de maturação: Cada espermatócito I divide-se, por meiose. Da primeira divisão meiótica, resultam dois espermatócitos II (ou espermatócitos 2º ordem). Nos espermatócitos II, ocorre a segunda fase da divisão meiótica, originando-se, assim, quatro espermatídios.
  • Fase de diferenciação ou Espermiogénese: Os espermatídios sofrem um processo de transformação citológica em espermatozoides. As transformações sofridas incluem perda de grande parte do citoplasma, reorganização dos organelos citoplasmáticos e diferenciação de um flagelo, a partir dos centríolos.

Fase de diferenciação ou Espermiogénese

A espermiogénese é a quarta etapa da espermatogénese e é caracterizada, como foi dito anteriormente, pelas modificações citológicas que tornam os espermatídios em espermatozoides. Estas alterações serão extremamente importantes para tornarem aptos os gâmetas masculinos na fecundação dos gâmetas femininos.

Estas alterações irão levar à formação de espermatozoides com:

  • Cabeça, que contém o núcleo e o acrossoma.
  • Peça intermediária, que através da energia formada pelas mitocôndrias que é constituída é capaz de proporcionar as batidas ou deslocações realizadas pelo flagelo.
  • Flagelo ou Cauda, que se desenvolve a partir dos centríolos e tem a função de deslocar o espermatozoide.

Nota: O acrossoma formado durante esta etapa e que se encontra na cabeça do espermatozoide, rodeando inteiramente o seu núcleo com uma forma de "capuz", provém da fusão do complexo de Golgi. Esta estrutura para além de proteger o núcleo do espermatozoide contém na sua composição enzimas que são indispensáveis para a fecundação do oócito. Sem estas enzimas, o espermatozoide seria incapaz de penetrar e decompor a membrana externa do oócito, resultando numa incapacidade de fecundação.

Na fase final desta etapa, os espermatozoides, que se encontram no lúmen dos tubos seminíferos, passam, através de uma diferença de pressão para os epidídimos. Nos epidídimos, os espermatozoides acabam a sua maturação, tornando-se móveis e onde serão armazenados. Esta estadia nesta estrutura do sistema reprodutor será extremamente vantajosa para os espermatozoides, uma vez que tornar-se-ão também mais resistente às variações de pH, facto importante, já que as secreções vaginais são ácidas.


Transporte dos espermatozoides

As células da linha germinativa iniciam o seu desenvolvimento na periferia dos tubos seminíferos, dirigindo-se até ao lúmen destes mesmos tubos, onde ocorrerá a espermiogénese. Após isto, os espermatozoides serão transportados até aos epidídimos, onde sofrerão a sua maturação final. Posteriormente seguem pelos canais deferentes, onde se misturam com as secreções das vesículas seminais e da próstata, formando em conjunto o esperma (espermatozoides e substâncias que os nutrem e facilitam a sua movimentação), que é libertado no decurso de uma ejaculação.

Antes de ocorrer realmente a ejaculação, durante a estimulação sexual, uma pequena porção deste fluído, o esperma, aparece na extremidade do pênis, que poderá conter uma pequena porção de espermatozoides que são necessários para que ocorra a fecundação do oócito e a formação do ovo.


Controlo Hormonal do Sistema Reprodutor Masculino

Os diferentes parâmetros fisiológicos do organismo humano são submetidos a mecanismos de regulação. No caso dos sistemas reprodutores, a regulação ocorre devido à interação dos complexo hipotálamo-hipófise (ou glândula pituitária) e das gónadas através de hormonas, sendo bastante distinta no homem e na mulher.

A hipófise é uma glândula endócrina situada na base do encéfalo e é constituída por dois lobos: o lobo anterior, de origem glandular, e o lobo posterior, de origem nervosa. O hipotálamo é um órgão extremamente relacionado com a hipófise, sendo este facto comprovado tanto pela ligação por um pedúnculo entre o hipotálamo e o o lobo posterior da hipófise (ponto de vista físico), assim como pelo ponto de vista fisiológico, devido às hormonas produzidas pelo hipotálamo (hormonas hipotalâmicas) que estimulam a hipófise. É devido a toda esta conexão que se denomina o hipotálamo e a hipófise como um único sistema, o complexo hipotálamo-hipófise.

Como foi possível entender anteriormente, o complexo hipotálamo-hipófise controlam hormonalmente o funcionamento das gônadas. Contudo, este imenso complexo também é controlado pelas mesmas gônadas através de um mecanismo de retroalimentação hormonal, denominado feedback ou retrocontrolo.

Sabemos que até à puberdade, os níveis de testosterona existentes num indivíduo adulto serão relativamente baixos, mesmo que a produção desta hormona se inicie logo no desenvolvimento embrionário. Este facto deve-se à existência de uma maior produção de uma outra hormona, a GnRH, apenas a partir da puberdade de um indivíduo masculino, o que levará à maior produção de testosterona, ao nível dos testículos.

A hormona GnRH é uma hormona hipotalâmica, ou seja, é produzida pelo hipotálamo e será permanentemente sintetizada apenas a partir da puberdade, dando-se o aumento relativo da existência da hormona sexual masculina, a testosterona e ainda a estimulação da hipófise que levará à produção de duas hormonas hipofisárias extremamente importantes:

  • LH (luteoestimulina), que  as células de Leydig a produzirem testosterona.
  • FSH (foliculoestimulina), que, juntamente com a testosterona, atua sobre as células dos tubos seminíferos (células de Sertoli) estimulando a espermatogénese.

Em suma, o hipotálamo estimula a atividade da hipófise que, por sua vez, estimula o funcionamento dos testículos, levando à maior produção de testosterona e espermatozoides.

Porém, este funcionamento excessivo do complexo hipotálamo-hipófise poderia causar danos irreparáveis no organismo. Desta forma, e para contrariar estes danos, surge a necessidade de se criar um mecanismo que estabilize e controle de forma eficaz as concentrações das hormonas no nosso organismo.

O funcionamento do complexo hipotálamo-hipófise é regulado pela concentração de testosterona no sangue, através de um feedback ou retroalimentação negativo:

  • Elevada concentração de testosterona:
  1. Redução da produção de GnRH ao nível do hipotálamo.
  2. Diminuição de GnRH leva à inibição da hipófise.
  3. A inibição da hipófise faz com que esta não produza FSH nem LH.
  4. A diminuição da concentração de FSH e LH leva à diminuição da produção de testosterona.
  • Baixa concentração de testosterona:
  1. Aumento da produção de GnRH ao nível do hipotálamo.
  2. Aumento de GnRH leva à estimulação da hipófise.
  3. A estimulação da hipófise faz com que esta produza FSH e LH.
  4. O aumento da concentração de FSH e LH leva ao aumento da produção de testosterona.

Todo este controlo e mecanismo normal ocorre de forma cíclica, por forma a se regular as concentrações de hormonas no nosso organismo, estabilizando a função testicular e de outros órgãos.

Nota: São conhecidas outras hormonas que intervêm no controlo hormonal, como é o caso da inibina, que é segregada pelas células de Sertoli, apresentando um mecanismo de retroalimentação negativa que atua na produção de FSH. No entanto, desconhece-se qualquer ligação entre estas diferentes hormonas reguladoras e a sua atuação ao nível do hipotálamo.


Sistema Reprodutor Feminino

Oogénese

À semelhança do homem, a mulher  possui também células de linha germinativa denominadas oogónias que, mais tarde e através do processo de oogénese, formarão gâmetas femininos, oócitos, ao nível dos ovários. Este processo de oogénese, contrariamente no homem, ocorre desde o desenvolvimento embrionário até à menopausa.

A formação dos oócitos, ao nível dos ovários, está compreendida entre três fases. Para a sua compreensão é extremamente importante notar que as duas primeiras fases deste processo (Fase da multiplicação e Fase de crescimento) se dão antes do nascimento, enquanto que a última fase (Fase de maturação) se dá da puberdade  até à menopausa:

  • Fase da multiplicação: Esta fase apenas ocorre durante o segundo e terceiro meses de desenvolvimento embrionário. As oogónias, células germinativas que contém 23 pares de cromossomas, migram para os ovários onde irão sofrer mitoses sucessivas.
  • Fase de crescimento: As oogónias aumentam de volume devido à síntese e acumulação de substâncias de reserva, transformando-se em oócitos I. Ainda durante o desenvolvimento intrauterino, os oócitos I iniciam a primeira divisão da meiose, divisão reducional, ficando bloqueados na Prófase I até à puberdade.
  • Fase de maturação: O oócito I completa a primeira divisão da meiose formando um oócito II e um glóbulo polar (que acaba por degenerar). O oócito II inicia a segunda divisão meiótica, divisão equacional, e fica bloqueado em Metáfase II. O oócito II, durante a ovulação é libertado para as trompas de Falópio. Caso haja fecundação, o oócito II completa a segunda divisão da meiose formando o óvulo e o glóbulo polar II.

Ciclo Ovárico

 O ciclo ovárico compreende todos os processos que englobam a evolução dos folículos, a libertação do oócito II e a degeneração das estruturas foliculares.

Por norma, o ciclo ovárico tem uma duração média de cerca de 28 dias e compreende as três seguintes fases, respetivamente:

  • Fase folicular, que corresponde ao crescimento e maturação dos folículos.
  • Ovulação, que é a libertação do oócito II.
  • Fase Luteínica, que corresponde ao crescimento e regressão do corpo amarelo.

Evolução dos folículos e Fase Folicular

A fase folicular pode ser compreendida como o crescimento e o desenvolvimento dos folículos.

Estes folículos estão divididos em quatro graus, consoante o seu grau de desenvolvimento:

  1. Folículo Primordial: O folículo primordial é constituído por uma célula germinativa (oócito) rodeado de células foliculares achatas. Estes folículos surgem numa criança com aproximadamente 5 meses de gestação existindo milhões destes mesmos. No entanto, estes número irá diminuir, uma vez que irá ocorrer um processo denominado atresia folicular onde se irão degenerar grande parte destes folículos primordiais. No final deste processo apenas restarão cerca de 400 mil folículos deste tipo.
  2. Folículo Primário: Este tipo de folículos apenas surge na puberdade do indivíduo. A partir da puberdade, apenas um folículo primordial irá começar um desenvolvimento e crescimento dentro dos ovários. Neste caso, o oócito I, que irá originar os gâmetas femininos, aumenta de volume e verifica-se uma proliferação da células foliculares, até se formar uma camada contínua de células. Após todos estes processos, o folículo passar-se-á a denominar folículo primário.
  3. Folículo Secundário: Nesta etapa, continua a ocorrer um aumento e crescimento significativo do oócito I e a proliferação das células foliculares, originando-se assim uma camada espessa (camada granulosa). Nesta etapa dar-se-á ainda a formação de uma zona acelular, ou seja, que não é constituída por células, entre o oócito I e a camada granulosa, apenas constituída por substâncias orgânicas, denominada de zona pelúcida. Para além disto, surge ainda uma nova camada a rodear o folículo, teca. Apenas então estará formado o folículo secundário.
  4. Folículo maduro ou de Graaf: As cavidades da camada granulosa continuam a aumentar de tamanho até originar uma só camada cheia de líquido folicular, a cavidade folicular. Esta zona estará então rodeada por uma camada granulosa, que inclui um conjunto de células a rodear o oócito II, pronto a ser libertado.

A Fase folicular durante o clico ovárico, dá-se pelo crescimento e desenvolvimento dos folículos primários, que contém, durante o desenvolvimento embrionário, o oócito I. Durante o desenvolvimento destes quatro diferentes folículos é estimulada a produção de estrogénios.

Nota: É de notar que toda esta maturação e desenvolvimento dos folículos dá-se acompanhada pelo processo da oogénese e da formação dos gâmetas femininos.

Ovulação

Com o desenvolvimento dos folículos, no processo anterior, dar-se-á a formação de um folículo de Graaf, que se encontra maduro e constituído pelo oócito II. O crescimento do folículo de Graaf causará a segregação de enzimas proteolíticas que rompem a parede do ovário, libertando assim o oócito II para a trompas de Falópio. Esta libertação do oócito II para as trompas de Falópio é denominado como ovulação.

Fase Luteínica

Após ocorrer o processo da ovulação, as células foliculares existente continuam a proliferar formando assim o corpo amarelo ou lúteo. Este corpo amarelo terá uma função secretora que irá produzir progesterona e estrogénios. Caso não ocorra fecundação, o corpo amarelo desintegra-se ou regride.


Ciclo Uterino

Paralelamente ao ciclo ovárico ocorre o ciclo uterino, que consiste no desenvolvimento e renovação parcial da parede do endométrio. Estas modificações cíclicas do ciclo uterino acompanham, deste modo, as modificações do ciclo ovárico por meio de uma regulação hormonal, regulação essa que é extremamente mais complexa do que a do homem.

 À semelhança do ciclo ovárico também possui uma duração média de cerca de 28 dias, porém, o ciclo uterino é controlado diretamente pelo ciclo ovárico através da produção de estrogénios, produzida pelos ovários, e progesterona, produzida pelo corpo lúteo e estimula o desenvolvimento do endométrio. Este ciclo uterino está divido em 3 fases distintas:

  • Fase Proliferativa: Coincide com a fase folicular do ciclo ovárico. Ocorre a proliferação das células do endométrio, a vascularização e a formação de glândulas. Todos estes processo surgem em resposta aos estrogénios produzidos nos ovários.
  • Fase Secretora: Coincide com a fase luteínica do ciclo ovário. O endométrio atinge a espessura e a vascularização máximas devido à estimulação conjunta de estrogénios e da progesterona produzidos pelo corpo amarelo. As glândulas produzem um muco rico em glicogénio.
  • Fase Menstrual(1): Se não ocorrer fecundação, o corpo lúteo, que se encontra nos ovários, regride deixando de produzir estrogénios e progesterona. O endométrio, deixando de ser estimulado, desagrega-se, ocorrendo hemorragias. 
  • Fase Menstrual(2)Se ocorrer fecundação, não se dá a regressão do corpo amarelo e continuam a ser sintetizados estrogénios e progesterona que mantém o útero na fase secretora

Controlo Hormonal do Sistema Reprodutor Feminino

O sistema genital da mulher  é caracterizado por um funcionamento cíclico que se inicia na puberdade e termina na menopausa. Em cada ciclo ocorre uma série de transformações em diversos órgãos, nomeadamente nos ovários e no útero, perfeitamente sincronizadas. Ambos estes ciclos (ciclo ovárico e uterino) encontram-se controlados pelas gonadoestimulinas secretadas pela hipófise. Como já sabemos estas hormonas hipofisárias são a FSH e a LH. Estas duas hormonas apenas são sintetizadas devido à estimulação da hipófise causada pela gonadotrofina (GnRH), ao nível do hipotálamo.

Até à puberdade, a concentração de gonadotrofina é reduzida, assim como a secreção de gonadoestimulinas, mantendo uma inatividade nos ovários. Apenas na puberdade, o hipotálamo aumenta a secreção de GnRH, levando a um aumento da concentração de FSH e LH no organismo. O aumento deste tipo de hormonas causará, consequentemente, um aumento da produção de estrogénios e progesterona pelos ovários. É de realçar que este aumento de progesterona levará a um maior desenvolvimento das características sexuais feminino, tais como o crescimento do útero.

O controlo do Sistema Reprodutor Feminino passa então pelos seguintes fenómenos:

  1. No início da menstruação, ocorre um aumento da concentração de gonadotrofina (GnRH), o que levará à estimulação da hipófise que aumentará a síntese de FSH e LH
  2. Como consequência do aumento da produção de FSH e LH, inicia-se a maturação dos folículos nos ovários, ocorrendo um aumento da concentração de estrogénios.
  3. Os estrogénios, por retroação negativa, fazem com que haja um aumento moderado de FSH.
  4. O aumento continuado da concentração de estrogénios passa a exercer uma retroalimentação positiva sobre a hipófise, o que conduz a um aumento vertiginoso de LH e um aumento moderado de FSH.
  5. A elevada concentração de LH induza libertação do oócito II. Este fenómeno é conhecido como ovulação.
  6. A LH, após a ovulação, também estimula a transformação das células foliculares em corpo lúteo.
  7. O corpo lúteo passa a segregar estrogénios e progesterona que, por retroação negativa, inibem a produção de FSH e LH, impedindo o início de um novo ciclo.
  8. No caso de não ocorrer fecundação, o corpo lúteo degenera o que faz diminuir as concentrações de estrogénio e progesterona.
  9. Esta diminuição, leva à desintegração do endométrio (Menstruação) e à estimulação da hipófise e do hipotálamo, resultando num aumento das concentrações de GnRH, LH e FSH e no início de um novo ciclo.

Quando a mulher atinge a menopausa, aproximadamente aos 50 anos, os últimos oócitos degeneram, não havendo formação de mais destas células sexuais (oócitos II). As concentrações de estrogénios e progesterona diminuem drasticamente, enquanto que o índice de GnRH, FSH e LH aumentam. Este processo da menopausa trará para a mulher grandes alterações físicas e emocionais, resultado proveniente da diminuição drástica de estrogénio no sangue. Em termos físicos dá-se uma aumento do risco de osteoporose e de problemas cardiovasculares, enquanto que em termos emocionais, dá-se as alterações de humor. Normalmente, os tratamento para esta menopausa passam na utilização de géis, comprimidos, adesivos térmicos, entre outros, que atenuem os sintomas causados, através da administração de estrogénio e progesterona.


Fecundação e Início de uma nova vida

Fecundação

Para que ocorra o fenómeno da fecundação tem de inicialmente ocorrer o encontro entre os gâmetas femininos e masculinos. Este encontro entre gâmetas dar-se-á ao nível das Trompas de Falópio. O oócito II, após ocorrer a ovulação, é libertado para as Trompas de Falópio, através da vibração dos cílios e de concentrações dos músculos da Trompa. Após isto, passados alguns minutos após serem depositados, os espermatozoides podem surgir nas Trompas de Falópio, por forma a ocorrer o fenómeno da fecundação. Mesmo assim, muitos dos espermatozoides existentes nunca chegam sequer às Trompas de Falópio, devido:

  • a problemas existentes durante o seu desenvolvimento, o que, consequentemente, reduz a mobilidade do espermatozoide.
  • às secreções vaginais, que comprometem a mobilidade e a viabilidade dos espermatozoides. 

Após a maturação dos espermatozoides ao nível dos epidídimos, como foi anteriormente referido, os espermatozoides obtém a capacidade de se deslocarem dentro do Aparelho Reprodutor Feminino, no entanto, não se encontram totalmente maturados. Estes gâmetas masculinos para se tornarem completamente maturados necessitam de atingir um estado de reconhecimento que ocorre imediatamente antes da fecundação, denominado de Estado de Reconhecimento.

O Reconhecimento ocorre quando a cabeça do espermatozoide entra em contacto com a zona pelúcia do oócito II.

Obviamente que após o espermatozoide concluir o processo de Reconhecimento, encontra-se então totalmente maturado para iniciar a fecundação. O reconhecimento do espermatozoide induz o espermatozoide a sofrer uma reação acrossómica. Esta reação inicia-se pela ligação de glicoproteínas específicas da zona pelúcida com moléculas de reconhecimento existentes na cabeça do espermatozoide.

Quando ocorre a entrada do espermatozoide, o oócito II é estimulado a completar a Divisão II da meiose, formando o óvulo e o segundo glóbulo polar (ambos haploides), acabando o segundo glóbulo polar por degenerar, tal e qual como o primeiro glóbulo polar.

Após ocorrer a formação do óvulo, o invólucro nuclear do óvulo desintegra-se permitindo a fusão dos 23 cromossomas do espermatozoide com os 23 cromossomas do óvulo. A todo este fenómeno dá-se o nome de cariogamia. Deste processo resulta um zigoto diplóide.

Nota: Para evitar a fecundação por mais do que um espermatozoide (Polispermia), logo após a fusão da membrana dos dois gâmetas, ocorre a exocitose de grânulos corticais, formando, assim, uma membrana de fecundação. Caso ocorra o fenómeno de polispermia, este será fatal para o óvulo em desenvolvimento, levando à falha da fecundação.


Desenvolvimento Embrionário e Gestação

O desenvolvimento embrionário, também denominado de embriogénese, assim como a gestação, têm início após a formação do zigoto. O desenvolvimento embrionário está dividido em duas partes:

  • Fase Embrionária, que se inicia com a formação do zigoto e prolonga-se até à oitava semana de gestação.
  • Fase Fetal, que se dá desde a oitava semana de gestação até ao nascimento do indivíduo.

Fase Embrionária

A Fase Embrionária, como foi dito anteriormente, inicia-se desde a formação do zigoto até à oitava semana de gestação, iniciando-se pela divisão do zigoto por mitoses sucessivas para formar a mórula. A mórula movimentar-se-á lentamente em direção ao útero. Quando ocorre esta chegada, a mórula é composta por cerca de 48 células. Nesta estrutura, a mórula flutuará livremente sendo nutrida pelas várias secreções uterinas, enquanto se desenvolve em blastocisto

Quando se dá a formação do blastocisto é possível observar-se duas estruturas:

  • Botão Embrionário - Massa celular interna que dará origem ao feto e que é posicionada para o endométrio.
  • Trofoblasto - Rodeia o botão embrionário e dará origem à placenta.

As células do trofoblasto apresentam microvilosidades que lhes permite a ligação com as células do endométrio (útero). Este processo de fixação do blastocisto ao endométrio é denominado de nidação e ocorre entre o sexto e o sétimo dia após a fecundação.

Desenvolvimento Embrionário

Toda a fase do desenvolvimento embrionário está compreendido entre 3 processos:

  • Crescimento - Ocorre devido ao aumento do número e volume celulares.
  • Morfogénese - Conjunto de movimentos celulares que dará origem a 3 camadas distintas de células embrionárias (folhetos embrionários): Endoderme, Mesoderme e Ectoderme. As células posicionam-se de acordo com as estruturas que darão origem. A endoderme especializa-se em células do sistema respiratório, do revestimento do tubo digestivo, do fígado e do pâncreas. A mesoderme especializa-se em células do esqueleto, dos músculos, do sistema circulatório, do sistema excretor e do sistema reprodutor. Por fim, a ectoderme especializa-se em células do sistema nervoso, dos órgãos dos sentidos e da epiderme. 
  • Diferenciação celular - As células tornam-se estrutural e bioquimicamente especializadas, adquirindo funções específicas. O aumento do número de células e a sua especialização permite formar diferentes tecidos que, por sua vez, se associam em órgãos especializados, organogénese.

Anexos Embrionários

O desenvolvimento do embrião é acompanhado pela formação de estruturas transitórias, os anexos embrionários, que persistem até ao nascimento. Essas estruturas são originadas pela extensão das três camadas germinativas e do trofoblasto, sendo de grande importância no desenvolvimento do embrião, não fazendo parte dele. Estas estruturas são expulsas logo após o parto e são essenciais para  nutrição, manutenção e proteção da integridade do embrião e do feto ao longo da gravidez.

Os anexos embrionários resultam dos folhetos germinativos e incluem:

  • Cordão Umbilical - Permite a comunicação entre o embrião/feto e a placenta.
  • Placenta - Estrutura em forma de disco, formado a partir da fusão do cório com a mucosa uterina, ou seja, das microvilosidades coriónicas do embrião e do endométrio do útero materno. A placenta encontra-se ligada ao embrião através de um canal formado a partir do âmnio - o cordão umbilical -  no qual se localizam duas artérias e uma veia. A placenta funciona como local de trocas seletivas de gases e de outras moléculas entre o sangue materno e o fetal. Tem como função nutrir o embrião ou feto e promover a eliminação de excreções. Para além disto tem uma função endócrina pois produz estrogénios e progesterona.
  • Âmnio - Membrana que delimita a cavidade amniótica. Protege o embrião/feto da dessecação, dos choques mecânicos e das variações térmicas.
  • Córion - Membrana externa que reveste todos os outros anexos embrionários, incluindo o próprio embrião ou feto. Constitui uma ampla superfície de trocas entre o embrião/feto e a mãe, intervindo na formação da placenta.
  • Alantoide e Saco Vitelino -  Estruturas de dimensões muito reduzidas que contribuem para a formação do cordão umbilical.

Regulação Hormonal na Gravidez

Como nos é sabido, a gravidez trás consigo inúmeras alterações, incluindo alterações físicas, como podemos observar no crescimento da barriga, por exemplo. No entanto, desde os seus estádios iniciais, ocorrem também inúmeras alterações no modo de funcionamento do organismo materno.

Desde o momento em que ocorre a nidação, ou seja, no momento em que ocorre a implantação do blastocisto, inicia-se a produção de uma hormona extremamente importante durante todo o parto, a gonadotropina coriónica humana (hCG), ao nível do córion. A hCG vai ser uma hormona que atuará de forma semelhante à LH, sendo a primeira hormona embrionária a ser sintetizada. A hormona hCG manterá, desta forma, o corpo amarelo a produzir estrogénios e progesterona.

Efetivamente, é a atuação de todas estas hormonas ao nível do útero, durante a gestação, que impedem o aparecimento da fase menstrual e permitem todo o processo da nidação, podendo o feto se desenvolver, sem que haja comprometimento da nutrição, manutenção e proteção da integridade do mesmo.

Através do gráfico, podemos observar que o aumento do nível de estrogénios e progesterona no sangue do organismo materno leva à inibição do complexo hipotálamo-hipófise, ocorrendo assim um mecanismo de retroalimentação negativa. Este mecanismo de retroalimentação negativa ou feedback negativo garantem os baixos níveis de FSH e LH, bloqueando o ciclo ovárico durante a gravidez:

  1. Elevados teores de hCG.
  2. Ocorre a estimulação do corpo amarelo para que este produza estrogénios e progesterona.
  3. O teor de estrogénios e progesterona inibe o complexo hipotálamo-hipófise de produzir FSH e LH.
  4. Não ocorre um novo ciclo ovárico.

Como foi dito anteriormente, as alterações do organismo materno não ocorrem apenas ao nível hormonal. Por norma, as mulheres tendem a ganhar peso, sendo 30% pertencentes ao feto e placenta. Todo o restante peso deve-se às alterações no corpo da mãe e à preparação para a lactação, ocorrendo especialmente nos dois últimos trimestres da gravidez.


Regulação Hormonal durante o Parto

Antes de ocorrer o parto, a cabeça do bebé encontra-se encostada ao cérvix, podendo então ocorrer contrações uterinas fracas e esporádicas ao longo da gravidez, tornando-se mais forte à medida que se aproxima do parto. Para além disto, sabemos ainda que o bebé, mesmo após o nascimento, encontra-se ligado à mãe durante alguns minutos pelo cordão umbilical. Após um período de tempo, os vasos sanguíneos do bebé e da mãe contraem-se, levando à interrupção de troca de substâncias entre a mãe e o bebé. Posteriormente, a placenta separa-se da parede do útero, sendo expulsa através das contrações uterinas.

Hoje em dia, sabemos que todos estes processos ocorrem devido ao parto se encontrar regulado por diversas hormonas, mesmo que não se saiba qual o papel completo de todas elas:

  • Oxitocina - Secretada pela hipófise, provoca o trabalho de parto. Para além disto, encontra-se ainda relacionado pelo aumento de contrações, tornando-se mais fortes e expulsivas.
  • Prostaglandina - A  sua produção estimulada pela oxitocina, ocorrendo ao nível do útero. À semelhança da oxitocina promove as contrações do músculo uterino. Caso esta hormona não exista em quantidades suficientes no sangue, o colo do útero não se dilata adequadamente, havendo mesmo o impedimento da progressão normal do trabalho de parto.
  • Relaxina - A sua secreção inicia-se ao nível do corpo amarelo, no entanto, durante a gravidez provém maioritariamente do músculo uterino e da placenta. A relaxina atua ao nível do colo do útero e do tecido conjuntivo entre os ossos da cintura pélvica, tendo como função amolece-los.
  • Progesterona - A progesterona tem como função inibir as contrações uterinas. Desta forma, a sua síntese deve terminar uns dias antes do trabalho de parto, permitindo assim a atuação das restantes hormonas.

Por outro lado, a síntese de todas estas hormonas são desencadeadas através de fatores hormonais que contribuem, obviamente, para o trabalho de parto, como a imagem seguinte sugere.

Alguns destes são, por exemplo, a dilatação cervical que leva à estimulação da hipófise e, posteriormente, à produção da oxitocina. Para além desta temos ainda o exemplo da da estimulação das contrações uterinas que se dá devido à ação reduzida da progesterona, da síntese de prostaglandinas, devido à estimulação do útero pela hormona oxitocina, e ainda do aumento do número de receptores celulares uterinos para oxitocina através da síntese de estrogénios e relaxina: 


Controlo Hormonal no Aleitamento

O estrogénio, a progesterona, a prostaglandina e a prolactina são hormonas que estimulam o desenvolvimento do peito. É através destas hormonas que o peito do organismo materno aumenta de tamanho durante a gravidez, adquirindo uma maior complexidade ao nível dos ductos e alvéolos mamários, podendo assim o bebé ter a nutrição necessária após o parto, estabelecendo-se uma proximidade afetiva entre a mãe e o bebé.

A prolactina é a hormona produzida pela hipófise que estimula a produção e libertação do leite materno. 

Durante a gravidez não é produzido nenhuma quantidade de leite devido às elevadas concentrações de estrogénios e progesterona. A concentração desta hormonas diminui drasticamente momentos após o parto, através da expulsão da placenta, permitindo então a ação estimuladora da prolactina na síntese do leite.

Em cada período de amamentação, ocorrem picos de secreção de prolactina. Através da sucção provocada pelo bebé, provoca-se a estimulação da hipófise, levando à libertação da hormona prolactina. Todo este processo de amamentação encontra-se representado na imagem seguinte:

Todo este pico de concentração das hormonas pode durar cerca de uma hora, não apenas produzindo leite que ficará armazenado para a próxima amamentação.

Tal e qual como ocorre com a prolactina, a oxitocina é também libertada periodicamente durante os períodos de amamentação, tendo como função a ejeção de leite.

Nota: Caos não ocorra estimulação da hipófise para a produção de prolactina, deixa-se de produzir leite ao fim de cerca de sete dias. Em norma, a produção de leite diminui a partir do 7º e o 9º mês. Porém, o peito pode prolongar a produção de leite durante vários anos após o parto.

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